Estamos longe da realidade e a falta de conscientização nos levará ao fim do túnel
22 de março: Dia Mundial da Água
Em verdade, não temos nada a comemorar, pois apesar de sua existência na natureza, pouco foi feito pelo homem para resolver o problema de abastecimento de água de forma consciente e racional, evitando o desperdício, a partir das necessidades do dia-a-dia.
Hoje, apesar de sua existência, voltamos nossa atenção para o Dia Mundial da Água, a água que move nossas vidas e permite nossa sobrevivência. Celebrada desde 1993, a data é resultado da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre meio ambiente e que tem por objetivo manter o assunto em permanente evidência para reflexão de nossas atitudes, frente às previsões que tornam este recurso cada vez mais inacessível.
Desde então, as celebrações ao redor do mundo acontecem a partir de um tema anual, definido pela própria Organização, com o intuito de abordar os problemas relacionados aos recursos hídricos.
Entre os temas já escolhidos para a data estão: água e energia, cooperação pela água, água e segurança alimentar, águas transfronteiriças, saneamento, água limpa para um mundo saudável, lidando com a escassez de água e água para as cidades: respondendo ao desafio urbano.
O Brasil está na 112ª posição no quesito saneamento em um levantamento feito com 200 países, segundo estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, em março de 2014. Segundo a pesquisa, somente 38% de todo o esgoto gerado no Brasil recebe algum tipo de tratamento.
Uma das principais consequências do despejo de esgotos nos corpos d’água é a proliferação de algas e cianobactérias. O esgoto in natura é prejudicial à natureza por conter uma grande quantidade de nutrientes, como fósforo e nitrogênio, fertilizantes e alta concentração de matéria orgânica, o que acelera o crescimento de algas nos ambientes aquáticos. Fernando Antônio Jardim, coordenador e analista de laboratório hidrobiológico da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA) explica que a proliferação excessiva de algas e cianobactérias nas águas represadas é causada por diversos fatores, entre eles baixa turbulência da água, excesso de luz e entrada de nutrientes. “O risco está sempre associado à ingestão dessa água sem o devido tratamento, pois algumas cianobactérias (algas azuis) podem produzir e liberar cianotoxinas nas águas, que podem trazer prejuízos ao fígado e ao sistema nervoso central”.
Em Belém, segundo a COSANPA, somente 7% da população tem acesso à rede de esgotamento sanitário. É muito pouco. Falta de investimentos e elevado índice de inadimplência impedem a empresa de operar com qualidade este serviço, que é um bem da vida pública e da saúde pública. Segundo a companhia, metade da água tratada produzida é desperdiçada. Parte pela rede de abastecimento desgastada, outra pelo desperdício da população e o restante por furtos na rede (gatos). Por mês, a Cosanpa distribui 12,5 bilhões de litros para o Estado (12,5 metros cúbicos). A perda é, em média, de 6,25 bilhões de litros mensais (6,25 metros cúbicos). Para melhor estimar o abastecimento e a perda, a Cosanpa está instalando 12 mil novos hidrômetros de micromedição e mais 52 mil hidrômetros padronizados. Os aparelhos são mais precisos. Afirma que a qualidade da água de Belém é excelente, mas que precisa primeiro melhorar a rede de distribuição em 60 quilômetros dos mais de 2.500 da Região Metropolitana de Belém (RMB), que ainda são em tubos de amianto (substância cancerígena), sem a água de boa qualidade.
A rede de abastecimento de água em Mosqueiro, também não atende com eficiência aos moradores e veranistas, principalmente durante as altas estações, apesar de ser gerenciada por dois organismos estatais com duas (2) centrais de abastecimento: uma ligada à Companhia estadual de saneamento do Pará (COSAMPA) que realiza a distribuição na maior parte do distrito, exceto a Vila e a Baia do Sol que são abastecidas pela outra central de distribuição ligada ao Serviço Autônomo de Abastecimento de Água e Esgoto de Belém (SAAEB). Esses dois sistemas de abastecimento de água geram em Mosqueiro algo em entorno de 4.700,652m3 /ano, tendo sua rede principal distribuída em 32.281m de extensão e acessando 218.066 domicílios particulares, exceto nos bairros do Bonfim, Marahú e Paraíso onde o abastecimento é realizado por poços ou nascentes encontradas nas propriedades privadas (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTÁTISCA, 2000; PMB 2005; 2002). A rede de abastecimento de água da SAAEB, atualmente vem sendo ampliada para atender 30 mil famílias, mas em geral essa ampliação resume-se ao aumento da capacidade de 66 geração de recurso para as áreas que já disponibilizam da rede de abastecimento, dada a maior concentração de turistas nessa área conforme indicam os dados da Polícia Militar paraense. Nesse sentido, é nas orlas das praias encontradas entre a Vila e o Murubira onde se encontra o maior número de placas anunciando reestruturações no abastecimento de água tratada, desde a gestão municipal anterior até a atual que em 2005 anunciava estar implementando um sistema totalmente novo já “[...] que o sistema de abastecimento anterior, não deu para aproveitar nada” (PREFEITO..., 2005, p. A6). A argumentação da PMB extraída de um jornal de grande circulação na cidade de Belém e exposta acima, permite reforçar a ideia de centralidade de uma dada porção do espaço mosqueirense, pois ao afirmar apenas a substituição dos objetos do sistema de abastecimento de água tratada que já existia na ilha, a PMB deixa claro não ser o aumento do número de ligações à rede de abastecimento de água tratada a objetividade das ações desses gestores, mas a ampliação da capacidade do volume hídrico para a manutenção da rede preexistente nessa área, principalmente, as de grande fluxo turístico, o que efetivamente continua atendendo uma porção restrita do espaço de Mosqueiro.
A ONU prevê que, em 2030, a população global vai necessitar de 35% a mais de alimento, 40% a mais de água e 50% a mais de energia.
Água e energia estão entre os desafios globais mais iminentes, segundo o secretário-geral da Organização Meteorológica Global e membro da ONU-Água, Michel Jarraud, em nota divulgada pela organização.
Atualmente, 768 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada, 2,5 bilhões não melhoraram suas condições sanitárias e 1,3 bilhão não têm acesso à eletricidade, de acordo com a ONU.
A situação é considerada inaceitável por Jarraud. Segundo ele, outro agravante é que as pessoas que não têm acesso à água tratada e a condições de saneamento são, na maioria das vezes, as mesmas que não têm acesso à energia elétrica.
O Relatório Global sobre Desenvolvimento e Água 2014, de autoria da ONU-Água, reforça a necessidade de políticas e marcos regulatórios que reconheçam e integrem abordagens sobre prioridades nas áreas de água e energia.
O documento destaca como assuntos relacionados à água impactam no campo da energia e vice-versa. Um dos exemplos citados lembra que a seca diminui a produção de energia, enquanto a falta de acesso à energia elétrica limita as possibilidades de irrigação.
Ainda de acordo com o relatório, 75% de todo o consumo industrial de água é direcionado para a produção de energia elétrica.
Energia e água estão no topo da agenda global de desenvolvimento, segundo o reitor da Universidade das Nações Unidas, David Malone, que este ano é o coordenador do Dia Mundial da Água em nome da ONU-Água, juntamente com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido).
Fonte:
Portal Brasil informações da Agência Nacional de Águas, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Agência Brasil e Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
Abaixo, imagens da qualidade da água coletada, neste mês,
por moradores da Vila do Mosqueiro