SOU MOSQUEIRENSE

Minha história

tem início após a história

dos meus pais.

Ele: Carlos Augusto de Oliveira

(motorista, aposentado pela PMB-Ag.Dist.Mosqueiro)

Ela: Lucimar da Silva Oliveira

(do Lar)

Eu: José Carlos da Silva Oliveira

(Mosqueirense)

Na minha mocidade, Mosqueiro, era balneário, muita gente partia de Belém nas férias de Janeiro e Julho para aproveitar (curtir) os momentos de alegria desse lugar. Falar de mosqueiro é como perder-me no tempo, deixar de contar uma história, para diversificar comentários sobre suas praias, suas praças, seus encantos, sua poesia e sua atração especial: oferecer tranquilidade, sem sabermos até quando isso será possível.

Meu primeiro contato com a história da Ilha surgiu da publicação do livreo "Mosqueiro", autoria de Wilson Amanajás, 1976. Antes desse "documento" ser vendido tudo o que eu sabia sobre o local estava escrito nos jornais A Província do Pará e O Liberal e, raramente, através de outros veículos de comunicação. Mosqueiro somente era lembrado nas férias, passado esse período tudo era abandono e esquecimento. Nem pensar uma obra nova!

É longa a história que tenho para contar e é longa, também, a minha caminhada para chegar até aqui e expressar essa vontade em revelar um pouco da ilha, dentro dos meus conhecimentos, como administrador e mais recentemente como Licenciado em Letras.

Não foi fácil acompanhar o que muitos divulgaram sobre Mosqueiro, sobre sua origem, sobre o passado de seu povo, sobre os hábitos, folclore, artesanato, esportes, literatura, vida social e religiosa, sobre os anseios do seu povo e sua hospitalidade. Sem falar na agressão às áreas de florestas, hoje devastadas por invasores e pela especulação imobiliária.

Voltando a um passado não tão distante, 1976, a Vila do Mosqueiro era a mais populosa do Estado do Pará e a Terceira do Distrito Judiciário de Belém. Sua população era de apenas 11.236 pessoas, moradores. Possuía, ainda 1.177 domicílios ocupado, 151 estabelecimentos comerciais e 15 estabelecimentos prestadores de serviços, entre eles barbeárias, alfaiatarias, oficinas de reparos de calçados,etc. Ali estavam instalados 56 estabelecimentos agro-pecuários, 8 indústrias e 5 padarias.

Sobre esse parágrafo, recordo-me das residências, raramente, eram próximas, a exceção da Vila, que às proximidades do Praia Bar, eram coladas umas as outras. Lá estava a padaria do Sr. Lemoel entre tantos outros nomes que amemoria não me permite lembrar no momento.

Depois de ter tomado ciência do livro de Wilson Amanajás, Mosqueiro, 1976, após a inauguração da Ponte sobre o Furo das Marinhas, um magnífico engenheiro, Austo Meira Filho, lança o livro "Mosqueiro, Ilhas e Vilas", 1976.

Um excelente livro, com excelente conteúdo, fiquei maravilhado com tamanha firmeza à História da Ilha do Mosqueiro, um histórico maravilhoso e um conteúdo, acredito, jamais alcançado por pesquisadores e escritores da atualidade.

Em defesa da história da Ilha de Mosqueiro

Meu avô materno Américo da Fernandes da Silva, era exímio embarcadiço, gostava muito de viajar em sua canoa, transportando mercadorias entre a capital e a Ilha. Numa dessas viagens, às proximidades da ponta do farol a embarcação veio a naufragar, tendo como resultado grande prejuízo no transporte, salvando apenas a sua vida e a de seus ajudantes.

Essa região, às proximidades do conhecido farol, possui marés bravas e um canal de grande profundidade, por onde navegam navios de grandes calados e de vento muito forte, capaz de provocar muitos acidentes.

Ouvi essa e tantas outras histórias durante minha mocidade, convivendo com nativos da ilha, interrogando-os sobre os problemas, as dificuldades da pesca e questionando-os sobre a antiga interpretação dada por alguns autores sobre a origem de Mosqueiro, utilizando o “moqueio” no processo de conservação do peixe, quando transportado para a Colônia, Belém.

O “moqueio” foi uma prática utilizada no passado para a conservação e consumo de peixes e animais, mas o nativo da ilha lembra muito bem que aprendeu a cozer o peixe com seus antepassados, quando ainda utilizava panelas de barro. Essa prática e forma de consumo era prática de seus ancestrais e ainda hoje é muito utilizada pela sua praticidade, não demandando o tempo do processo de moqueio e fritura.

O processo de fritura é tão freqüente quanto ao assado, mas não utiliza das mesmas práticas, mas à medida que a sociedade avança sobre a ilha, infiltrando novos costumes e novos hábitos alimentares, a caldeirada de peixe é mais apreciada e consumida pelos visitantes.

Dessa avaliação, resolvi levantar a tese de que o processo de assar o peixe nem sempre foi conhecido como “moqueio”, isto em decorrência da fartura de caça existente nessa e outras regiões, que, para consumo, utilizam uma fogueira ou braseiro para assar os animais.

Analisando melhor as práticas de pescado e os métodos utilizados para captura do peixe, avaliei que para utilizar o “moqueio” o nativo, usava de técnica indígina, fazendo uso de arpões para a pesca de peixe, abundante nas praias da Ilha. Além disso, com os anos o uso das camboas e das cercas de varas, passaram a integrar as práticas de aprisionamento dos peixes que eram levados na quantidade necessária para o consumo ou deixados no local, aguardando as próximas marés. Essas práticas ainda hoje são encontradas na comunidade que habita a localidade de Camboinha, na Baia doSol.

Talvez pela própria circunstância das marés a camboa tenha surgido naturalmente em decorrência da força marítima das enchentes e vazantes, movendo a areia para a beirada das praias. Desse processo e durante as vazantes a água aprisionada pela formação de lagos, deixava o peixe aprisionado que por sua vez era capturado para o consumo do morador.

Certamente, Mosqueiro têm a ver com essa e outras práticas, mas através da despesca da camboa e da necessidade da quantidade suficiente para o consumo diário, muitas das vezes, nem todo o peixe ali aprisionado era levado e chegavam a perecer em decorrência da ensolação, com isso seus restos eram levados para a beira das praias durante as enchentes, provocando o aparecimento de moscas, baratas, grilos e outros insetos muito comuns na Ilha.

Nas férias de janeiro e de julho, ainda hoje, como no passado, é muito comum a grande proliferação de moscas. Isto em decorrência da presença maciça de turistas e pela forma inadequada de acondicionamento do lixo, deixado nas residências e nas praias.