Praia Grande da Baía do Sol

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"Quem está distante sempre nos causa maior impressão" "Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco." "Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso." Charles Spencer Chaplin


A Rio+20 nos mostrou que os líderes políticos não estão comprometidos verdadeiramente com um planeta mais verde e limpo, assim como nós estamos. Sabíamos que nosso futuro não poderia ser decidido em 3 dias de Conferência, mas devemos cobrar ações concretas e duradouras dos nossos governantes.


Hora Certa em Mosqueiro

segunda-feira, 30 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

CAÇADA DE PEDRINHO, MONTEIRO LOBATO

Após veto, livro do MEC ensina como lidar com obra de Lobato
Coleção Explorando o Ensino, que será enviada a professores, recomenda a leitura com “análise”, mas sem “julgamento”
Cinthia Rodrigues, iG São Paulo 16/05/2011 17:04

Depois de ter a obra Caçadas de Pedrinho vetada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) por racismo, Monteiro Lobato ganhou agora duas páginas com um “modo de usar” em livro que será enviado pelo Ministério da Educação (MEC) a 157 mil professores de 1º ao 5º ano. O volume 19 da Coleção Explorando o Ensino - o primeiro de Língua Portuguesa para essa faixa etária - diz que a personagem Tia Nastácia deve ser apresentada com “análise” e sem “julgamento”.

Capa do livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato: recomendação do Conselho reacendeu o debate sobre o politicamente correto


Em outubro do ano passado, o CNE decidiu por unanimidade recomendar que não se distribuísse o livro Caçadas de Pedrinho, publicado em 1933, a instituições de ensino por considerar que algumas passagens são racistas. O veto foi derrubado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, que devolveu o texto ao conselho solicitando uma revisão, que não ocorreu até hoje.


Agora, um livro elaborado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e que será distribuído no segundo semestre para escolas de todo o País se refere a Monteiro Lobato em capítulo intitulado “Leitura e Compreensão: a ronda dos preconceitos e estereótipos” e explica como os educadores devem tratar de “Tia Nastácia, a inesquecível personagem referida como 'negra de estimação', logo nas páginas iniciais do Sítio do Pica-Pau Amarelo.”


O livro destinado à formação docente aponta tratamento discriminatório, mas enfatiza que os alunos não devem ser privados da riqueza de outros pontos do legado do autor por conta disso. “Perderemos parte significativa do que a obra de Lobato pode nos ensinar sobre o Brasil se reduzirmos essa personagem a uma mera manifestação de preconceito”, explica um trecho. “Dizer que os livros infantis de Lobato são preconceituosos e recusá-los ou censurar passagens, em nome do combate ao preconceito, é esquecer que são ficções e que seus personagens e situações formam um mundo à parte, por mais que se relacionem de diferentes formas com o mundo real”, arremata outro.


O texto considera ainda que Tia Nastácia aparece de forma “matriarcal”, portanto, ao mesmo tempo em que “reflete o preconceito do branco letrado das classes médias urbanas” da época, inscreve o negro no imaginário de crianças e adultos da mesma cultura – único público naquele tempo.



O livro para professores, assinado por nove autores, conclui que “compreender e criticar essas e outras ambiguidades éticas e políticas, numa obra literária demanda um resgate tanto das condições histórico-sociais de sua produção quanto do mundo imaginário em que se inserem”. Os autores explicam ainda que fazer esta “análise” e “avaliação” sobre uma obra é diferente de julgá-la sob um aspecto político, moral, científico ou mesmo de usá-la como programa social. “Considerá-lo (a Lobato) preconceituoso e, por este motivo, afastá-lo de nossas crianças é negar-lhes o direito a um contato direto e vivo com nossa história e nossa cultura.”
Votação ainda é pendência


A polêmica no Conselho Nacional de Educação ainda não terminou. De acordo com a conselheira Clélia Brandão, o parecer contrário do ministro ainda não foi analisado e o assunto deve ser tema das próximas reuniões do grupo.


Além do volume que trata de Língua Portuguesa, professores de 1º ao 5 º ano receberam mais cinco livros sobre Literatura, Matemática, Ciências, Geografia e História. As obras podem também ser baixadas em pdf nesta página do site do MEC.
MEC vai liberar livro de Monteiro Lobato ( Racismo no Brasil não existe)



MEC vai liberar livro de Monteiro Lobato BRASÍLIA (AE) - Com base em críticas encaminhadas ao governo, o ministro da Educação, Fernando Haddad, decidiu não acatar o polêmico parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) que recomendava excluir “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, da lista de livros distribuídos às escolas. Divulgado na semana passada, o parecer apontou preconceito racial na obra, que conta a história da caçada de uma onça por Pedrinho e personagens do Sítio do Picapau Amarelo. Mas, por decisão de Haddad, o parecer terá de ser revisto.


No máximo, haverá uma recomendação para que a editora inclua uma explicação do conteúdo do livro, publicado pela primeira vez em 1933, sobretudo quando trata de Tia Nastácia, empregada doméstica negra da história, e de animais como urubu e macaco. “Recebi muitas manifestações para afastar qualquer hipótese, ainda que por razões justificadas, de censura ou veto a uma obra, sobretudo de Monteiro Lobato”, disse o ministro. “Eu relativizaria o juízo que foi feito”, afirmou Haddad, sobre o parecer do CNE. E completou: “Pessoalmente, não vejo racismo”.


A legislação prevê que obras distribuídas à rede escolar tenham o conteúdo analisado e possam ser excluídas da lista por referências homofóbicas ou racistas. “Há casos em que livros devem ser afastados, mas não no caso de um clássico como ‘Caçadas de Pedrinho’.“


Fernando Haddad disse que vai respeitar o prazo de 30 dias para o recurso, contados a partir da divulgação do parecer do CNE, mas antecipou sua decisão de não homologar o texto pela “quantidade incomum” de manifestações de especialistas que, segundo ele, não veem prejuízo à adoção do livro nas escolas. “O conselho pode até recomendar que as editoras se preocupem em contextualizar referências racistas, sem mutilar a obra, puxar uma nota de rodapé e explicar”, disse Haddad.




domingo, 15 de maio de 2011

PASSEIO CICLÍSTICO ECOLÓGICO DE MOSQUEIRO: ETAPAS CONCLUÍDAS






ETAPAS CONCLUÍDAS:


- DATA DA DIVULGAÇÃO:


-15/05/2011


-LOCAIS DE DIVULGAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO DE ENCARTES E PANFLETOS:


RÁDIO PRAIANA, RUAS E COMÉRCIOS


BAIRROS: CARANANDUBA, ARIRAMBA, MURUBIRA, PORTO ARTHUR, CHAPÉU VIRADO E VILA.


-QUANTIDADES:


- 300 CARTAZES

- 800 ENCARTES

sábado, 14 de maio de 2011

MEC defende que aluno não precisa seguir algumas regras da gramática para falar de forma correta



MEC defende que aluno não precisa seguir algumas regras da gramática para falar de forma correta
O livro de português distribuído pelo Ministério da Educação defende que a maneira como as pessoas usam a língua deixe de ser classificada como certa ou errada e passe a ser considerada adequada ou inadequada.

Um livro de português distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) para quase meio milhão de alunos defende que a maneira como as pessoas usam a língua deixe de ser classificada como certa ou errada e passe a ser considerada adequada ou inadequada, dependendo da situação.
Na semana em que o Jornal Nacional tem discutido os maiores problemas do Brasil na educação, os argumentos da autora do livro e as reações que provocaram estão na reportagem de Júlio Mosquéra.
A defesa de que o aluno não precisa seguir algumas regras da gramática para falar de forma correta está na página 14 do livro “Por uma vida melhor”. O Ministério da Educação aprovou o livro para o ensino da língua portuguesa a jovens e adultos nas escolas públicas.
Ele apresenta a frase: "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado", com a explicação: "Na variedade popular, basta que a palavra ‘os’ esteja no plural". "A língua portuguesa admite esta construção".
A orientação aos alunos continua na página 15: "Mas eu posso falar 'os livro'?". E a resposta dos autores: "Claro que pode. Mas com uma ressalva, ‘dependendo da situação a pessoa corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico’”.
Heloísa Ramos, uma das autoras do livro, disse que a intenção é mostrar que o conceito de correto e incorreto deve ser substituído pela ideia de uso adequado e inadequado da língua. Uso que varia conforme a situação. Ela afirma que não se aprende o português culto decorando regras ou procurando o significado de palavras no dicionário.
“O ensino que a gente defende e quer da língua é um ensino bastante plural, com diferentes gêneros textuais, com diferentes práticas, diferentes situações de comunicação para que essa desenvoltura linguística aconteça”, declarou ela.
O Ministério da Educação informou em nota que o livro “Por uma vida melhor” foi aprovado porque estimula a formação de cidadãos capazes de usar a língua com flexibilidade. Segundo o MEC, é preciso se livrar do mito de que existe apenas uma forma certa de falar e que a escrita deve ser o espelho da fala.
O Ministério da Educação disse que a escola deve propiciar aos alunos jovens e adultos um ambiente acolhedor no qual suas variedades linguísticas sejam valorizadas e respeitadas, para que os alunos tenham segurança para expressar a "sua voz".
A doutora em sociolinguística Raquel Dettoni concorda que é preciso respeitar o falar popular, que não pode ser discriminado. Mas ela enfatiza que a escola tem um objetivo maior, que é ensinar a língua portuguesa que está nas gramáticas.
“Se a escola negligencia em relação a este conhecimento, o aluno terá eternamente uma lacuna quando ele precisar fazer uso disso no seu desempenho social. Nós não podemos desconsiderar que a função social da escola, com relação ao ensino de língua portuguesa, é - em princípio - prioritariamente ensinar os usos de uma norma mais culta”, destacou.
O Ministério da Educação informou ainda que a norma culta da língua portuguesa será sempre a exigida nas provas e avaliações.














Assista o vídeo no blog




















domingo, 8 de maio de 2011

A OUTRA FACE DA ILHA: ESGOTO POLUI MOSQUEIRO

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A OUTRA FACE DA ILHA: ESGOTO POLUI MOSQUEIRO
ESGOTO POLUI MOSQUEIRO



Através de ação civil pública, o Ministério Público Federal no Pará está exigindo que a prefeitura, via Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Belém, realize reparos urgentes na rede de esgoto da ilha de Mosqueiro.
A partir de denúncia feita por engenheiros ambientais e florestais, foi realizada perícia na Praia Grande e constatado que a prefeitura de Belém e a SAAEB não cumprem o básico previsto na Constituição, que diz que é de responsabilidade da União, Estados e municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.
Resíduos sólidos, água usada e oriunda de fossas estão sendo depositados, sem tratamento, diretamente na Praia Grande. Há cisternas abertas, vazamentos em tubulações e equipamentos danificados. De acordo com o procurador da República Felício Pontes Jr., o total abandono e a falta de manutenção no sistema de esgoto do distrito provocam grave poluição ambiental, prejudicando moradores e frequentadores das praias locais.
O MPF solicitou informações à SAAEB e encaminhou recomendação ao diretor da autarquia, Raul Meireles do Vale, sugerindo medidas imediatas para reduzir a poluição na ilha e evitar a proliferação de doenças. A resposta alegou que o problema ocorre por falta de recursos e pela inadimplência dos usuários.
A ação civil pública pede à Justiça que obrigue a prefeitura de Belém/SAAEB a adotar medidas urgentes a fim de solucionar os problemas constatados. O MPF quer a recuperação dos leitos de filtragem no sistema de tratamento de esgoto; reforço das estruturas do sistema onde há vazamento causado pela erosão; impermeabilização do fundo das lagoas de estabilização, para evitar a infiltração do material no solo; recuperação dos abrigos dos equipamentos eletromecânicos e a vigilância nas dependências, a fim de evitar furtos e roubos. Além de campanhas educativas orientando a população a evitar a poluição da área.
Acompanhe aqui o processo nº 14686-83.2011.4.01.3900, que tramita na 9ª Vara Federal em Belém, cujo titular é o juiz Hugo Sinvaldo Silva da Gama Filho.
*Com informações do MPF/PA


FONTE: http://ptdemosqueiro.blogspot.com/





MOSQUEIRANDO: Verdadeiramente, todo paraíso tem suas maçãs e suas serpentes. Aqui não poderia ser de outro modo. Acontece que esse projeto de Esgotamento Sanitário, ao sair do papel, começou tecnicamente errado, continuou errado e parou: abandonado, esquecido, enterrado. Tomara que um dia o MEIO AMBIENTE não seja apenas lembrado em títulos de Secretarias!
Lagoas de estabilização do Sistema de Esgotos na Vila (FONTE: Google Earth, 2011)




MOSQUEIRO disse...
Quero parabenizar pela publicação da matéria. Tenho debatido esse tema, mas as atenções dos administradores estão desviadas para as coisas mais simples. Lembre que, por diversas vezes, já tivemos o título de praias poluídas por culiformes fecais. Mosqueiro tem diversos tipos de esgostos, a maioria jogando suas águas sujas e poluídas em nossas praias, sem a menor atenção das nossas autoridades.O número de residencias cresceu em toda a ilha e, como se não bastasse, pouco fizemos pelos nossos esgostos (e por nossas fossas). Acredito que a qualidade das nossas águas potáveis já estão sendo afetadas por todos esses fatores. E porque não falar que os níveis de contaminação já são elevados. Talvez para não servir de alarme falso! Como mosqueirenses, chegou a hora de nos pronunciamos sobre este assunto: formar uma comissão para debater e discutir políticas públicas de mudanças é muito importante para o futuro da Ilha, que queremos bem. Blog:http://blogdoprofessorjosecarlosoliveira.blogspot.com/
8 de maio de 2011 16:11




sábado, 7 de maio de 2011

A PESCA ARTESANAL NO POVOADO MOSQUEIRO, EM ARACAJU/SE

A PESCA ARTESANAL NO POVOADO MOSQUEIRO: O TRABALHO COMO
MEDIAÇÃO DA RELAÇÃO HOMEM/NATUREZA.

Shauane Itainhara Freire Nunes
Mestranda em Geografia (PPGG/UFPB)
shauanecaju@yahoo.com.br

INTRODUÇÃO
Neste artigo temos como objetivo, refletir a partir da pesca artesanal como se estabelece a relação homem/natureza e quais as implicações dessa para a permanência da comunidade pesqueira que se situa no Povoado Mosqueiro- Aracaju/SE. A discussão deste texto faz parte de uma pesquisa maior de mestrado em andamento, intitulada As alterações sócio-espaciais no povoado Mosqueiro: Um estudo sobre a permanência e resistência da comunidade pesqueira. O povoado se caracteriza por ter como limites: a leste, o Oceano
Atlântico; a oeste, o Canal Santa Maria; e o Rio Vaza Barris, a sul e a sudoeste, o que possibilitou e possibilita a relação dialética entre o homem e a natureza, sendo a pesca - artesanal a atividade que garante a permanência da comunidade pesqueira e do seu espaço.
Nesse sentido a pesca - artesanal é a atividade humana que media a relação homem/natureza, ao mesmo tempo em que cria, por meio do trabalho, a identidade dos sujeitos envolvidos nessa relação.
O Povoado Mosqueiro se caracterizava até algumas décadas atrás, pelo isolamento da capital Aracaju, onde a comunidade pesqueira dessa forma mantinha hábitos de ruralidade por meio da relação com o Rio Vaza-Barris e o mar através da pesca, e por meio de pequenos roçados e coleta de frutas que ajudavam na subsistência. A comercialização dos produtos retirados dessa relação direta com a natureza se dava no centro da cidade de Aracaju, no mercado central da cidade, para tanto era necessário caminhar durante um dia inteiro pela praia acompanhando o regime das marés, ou quando se tinha sorte, pegar carona em um caminhão que, segundo relatos dos pescadores e marisqueiras mais antigas, se aproximava do povoado. Essa situação começou a mudar somente na década de oitenta com a construção da chamada rodovia José Sarney, que possibilitou o acesso de transportes ao povoado e de toda uma estrutura de urbanização e de especulação imobiliária que hoje se impõe ao povoado fazendo com que o mesmo seja área de crescente expansão da malha urbana e de uma estrutura turística que possibilite o consumo da paisagem.

PESCA ARTESANAL
A pesca artesanal como atividade extrativista, foi uma das primeiras atividades laborativas exercidas pelo homem, a pesca em sociedades primitivas, ainda que segundo indicações arqueológicas e etnológicas, ela tenha representado uma importante fonte de alimento em períodos anteriores ao aparecimento da agricultura (DIEGUES, 1983), de forma que possibilitou a inserção de novas proteínas na alimentação humana como também desenvolveu habilidades necessárias a transformação do homem em ser social.
Para Engels (1876) em seu texto Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem, a necessidade de exercer trabalho estaria diretamente ligada à elaboração de instrumentos para a mediação da transformação da própria natureza e do próprio homem.
Nesse sentido Engels (1876) mostra que as atividades de caça e pesca está entre as mais antigas registradas, e logo, tem fundamental importância ao inserirem proteínas animais na alimentação do homem, o que lhes possibilitou maior força física e o desenvolvimento do próprio cérebro, necessárias ao longo processo de transformação do macaco em homem. O que nos permite dizer, que a pesca enquanto atividade que media a relação homem/natureza se mantém presente desde o momento ontológico da transformação do homem em ser social.
Ao longo dos séculos a atividade pesqueira vem tendo diferenciados papéis nas diferentes sociedades. Diegues (1983) nos mostra que na Idade Média, a importância da pesca praticada inicialmente dentro dos feudos e depois expandidas, tinham como função suprir o consumo crescente dos cristãos, se dando dentro de um incentivo a economia pesqueira que teve grande importância naquele momento em algumas regiões como a Escandinávia e o Mediterrâneo. Nesse processo a pesca é também apropriada pelo modo de produção capitalista, e ainda assim permanece em sua forma artesanal e constitui base de várias comunidades tradicionais. Para entender o papel da pesca artesanal na mediação dessas comunidades com a natureza, é de extrema importância caracterizar e definir o que estamos entendendo como pesca artesanal, partindo aqui do entendimento de Cardoso (2001):
Como pesca artesanal entendo a pesca realizada dentro dos moldes de pequena produção mercantil, que comporta ainda a
produção de pescadores-agricultores, segundo o conceito de Diegues (1983 1988). Trata-se de uma pesca realizada com tecnologias de baixo poder predatório, levada a cabo por produtores autônomos, empregando força de trabalho familiar ou
do grupo de vizinhança e cuja produção destina-se ao mercado.
Na compreensão de que o conceito de pesca artesanal nos ajuda a definir, a moldes de pesquisa, uma dada realidade, consideramos que essa mesma não necessariamente se encaixa nos limites do conceito. O movimento da realidade, a dinâmica de reprodução/ampliação do capital e seus rebatimentos nas especificidades do local/global nos apresentam em cada comunidade uma resposta própria às dificuldades postas para comunidades pesqueiras artesanais, e no nosso caso, especificamente no Mosqueiro. Ainda partindo do entendimento de Cardoso (2001): O pescador é um sujeito social em processo de redefinição de sua atuação, frente aos usos novos que se impõe aos seus espaços de morada, vida e trabalho.
(p.34). A pesca artesanal que se apresenta no Mosqueiro, nesse momento de pesquisa, nos permite aqui apresentar a partir da realização de trabalhos de campo e a aplicação de entrevistas junto aos pescadores e marisqueiras desse povoado, como estes se relacionam com o lugar, que historicamente é também meio de vida, a partir da atividade que lhes identifica como pescadores e marisqueiras, assim como a própria vivência enquanto comunidade que persiste e se podemos dizer, resiste em meio à realidade que se coloca enquanto possibilidade de vida.
No Povoado Mosqueiro onde se situa a comunidade pesqueira pesquisada que vem nos ajudar na reflexão desse artigo, é possível fazer uma leitura do que seria esse trabalho, a pesca artesanal, que satisfaz as necessidades vitais e básicas, de modo que, os pescadores artesanais do povoado em sua grande maioria pescam para própria subsistência, antes de tudo pescam para comer de forma que o que sobra é que é posto a comercialização e para a aquisição de outros produtos.
Quando eu vou pescar eu pego pra comer, nunca gostei de vender, agora não deixam, mas eu ir pescar a noite.(Pescador, 79 anos, residente no Povoado Mosqueiro-Aracaju/SE. Fonte: Trabalho de Campo em 30 de janeiro de 2010). Aqui pescam pra comer e pra vender também. Eu tenho quatro filhos e os quatros se criaram da pesca... (Pescador, 59 anos, residente no Povoado Mosqueiro. Fonte: Trabalho de Campo em 30 de janeiro de 2010)
A comunidade pesqueira do Mosqueiro é formada por famílias de pescadores que estão à beira do Rio Vaza-Barris há décadas, muitos nasceram lá e tem na pesca a possibilidade de trabalho. O Mosqueiro, sendo um povoado que até a década de 1980 se caracterizava a partir de famílias pescadoras, segundo os próprios pescadores, hoje tem sofrido mudanças já que se tornou área de expansão da cidade de Aracaju, onde a especulação imobiliária e o turismo, seguido de uma urbanização muito rápida, tem imposto mudanças no modo de vida desses pescadores e marisqueiras.
Onde antes as famílias viviam da pesca e tinha acesso a toda extensão de margem do rio, as árvores que permitiam coletas de frutas, a espaços de terra que permitiam pequenos roçados, e mesmo a uma coletividade que se mantinham dentro da própria comunidade. Onde costumes, vida e trabalho eram compartilhados, hoje se têm um cenário diferenciando:
casarões margeiam e impede o acesso a boa parte da margem do rio Vaza- Barris, o grande processo de urbanização e especulação imobiliária hoje privatiza os espaços que correspondem ao Povoado Mosqueiro, o que diminui e mesmo impede a coleta de frutas, o cultivo de roçados e pequenos animais. E ainda a construção de uma orla destinada ao turismo ocupa o lugar de embarque e desembarque das canoas dos pescadores. Segundo os próprios pescadores identificam:
Aqui mudou muito, o Mosqueiro hoje tem mais gente de fora do que aqui do lugar, o Mosqueiro hoje ta num valor medonho, aqui pra praia só tem barão, só tem rico, o Mosqueiro agora ta muito valorizado... Há uns vinte anos atrás, agente dormia aqui com a porta aberta, hoje em dia é muito difícil, eu deixo o motorzinho ali trancado, mas eu durmo assustado. (Pescador, 59 anos, residente no Povoado Mosqueiro. Fonte: Trabalho de Campo em 30 de janeiro de 2010)
Além disso, alguns pescadores relatam a diminuição do próprio pescado, segundo eles decorrente de impactos ambientais causados por uma lógica de desenvolvimento que eles não vêem os lucros e que muito pelo contrário, os afetam na medida em que diminui a possibilidade de se manterem enquanto pescadores, como levanta alguns pescadores da comunidade:
dificuldade é encontrar o peixe, agora com tanta lancha que têm, ficou tudo difícil, não respeita mais agente, rasga a rede da gente. Antes era muito diferente, era muito peixe e pouca gente, tinha mais pescadores. (Pescador, 63 anos, residente no Povoado Mosqueiro. Fonte:Trabalho de Campo em 30 de janeiro de 2010).
Antigamente tudo era bom, a fartura tava ai. De uns tempos pra cá foi diminuindo, diminuindo e ainda hoje tá caindo muito. Hoje agente vai pescar passa o dia todo pesca 3, 4, kg, e o melhor mesmo é o caranguejo. De 2001 pra trás tinha muito caranguejo, depois daquela mortidão, fiz até entrevista pra o canal 4. (Pescador, 59 anos, residente no Povoado Mosqueiro. Fonte: Trabalho de Campo em 30 de janeiro de 2010)

A PESCA ARTESANAL COMO MEDIAÇÃO DA RELAÇÃO HOMEM/NATUREZA.
Diante das discussões até aqui apresentadas, referentes ao papel da pesca em determinado momento como condição de reprodução do próprio homem, e seus diferentes papéis em diferentes modos de produção, sociedades ou mesmo comunidades, faz-se nosso propósito agora, compreender como na comunidade pesqueira do Mosqueiro, a pesca artesanal,
enquanto materialização do trabalho media a relação desses pescadores e marisqueiras com a natureza, ao modo que permite e faz com que essa comunidade se mantenha enquanto comunidade pesqueira.
Para entender como o pescador e a marisqueira, sujeitos dessa pesquisa, se relacionam com a natureza, é preciso à compreensão de que o homem dentro do processo histórico onde se dá a vida em sociedade, antes de tudo é e produz natureza. É por meio desta que o mesmo se reproduz não somente na esfera biológica, mas enquanto ser social, que produz cultura, que transforma e se transforma enquanto natureza, e nessa mediação se encontra o trabalho como atividade necessária à produção e reprodução do próprio homem. Segundo Smith (1988):
Antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação,
media, regula e controla seu metabolismo com a Natureza. (p.71)
Na análise de Lukács (1981), para entender o ser social em sua ontologia, é necessário partir da leitura do trabalho como mediação da relação homem natureza, trabalho esse que nasce da necessidade e da luta do homem pela existência. Esse primeiro momento onde o trabalho tem esse caráter intermediário de mediação da transformação da natureza pelo homem, o que implica na transformação do próprio homem, caracteriza o momento do salto, o homem que se torna um ser social. O salto que Lukács (1981) nos traz representa um processo longo onde não se pode caracterizar o momento exato em que essa transformação acontece, mas onde se tem claro que o salto representa uma mudança estrutural e qualitativa do ser, do ser
orgânico em ser social, nas palavras de Lukács (1981):
A essência do salto é constituída por esta ruptura com a continuidade normal do desenvolvimento e não pelo nascimento,
de forma imediata ou gradual, no tempo, da nova forma do ser. (p.05)
Para Lukács (1981) seria impossível entender o ser a não ser pelo trabalho, já que esse a partir do momento do salto se torna modelo de toda práxis sociais. Apesar de estarmos falando aqui do momento primeiro, é imprescindível a compreensão da ontologia do trabalho para entendermos sua centralidade mesmo nas fases sucessivas a esse momento. A sociedade, o homem enquanto ser social vai se complexificando a partir de novas necessidades e com a criação de outras mediações para as realizações dos fins que é antes construído no processo de consciência.
Se o trabalho é assim o responsável pela transformação do homem inorgânico em ser social nunca deixará de ser central nas relações sociais justamente por ter esse caráter ontológico, e pelo fato, segundo Lukács (1981), que é no processo de consciência que se desenvolve também a partir do trabalho, a própria consciência que se torna autônoma na medida em que
se auto-reproduz a partir do que capta tanto do mundo exterior quanto do interior, fazendo assim com que o trabalho surja e se desenvolva, determinando seus vários fins.
A discussão de Lukács sobre a ontologia do trabalho nos ajuda a entender como a pesca media a relação homem/natureza presente no Mosqueiro, e mesmo as outras relações colocadas pra essa comunidade. O pescador artesanal por exercer uma atividade extrativista, está e depende diretamente da natureza para viver, dos ciclos das marés, da lua, da quantidade de peixes disponíveis, diferentemente de outras atividades que de tantas mediações alienam o trabalhador da relação com o produto do seu trabalho. O pescador artesanal do Mosqueiro nessa relação de dependência e de transformação da natureza vai, ele mesmo, se transformando a cada pescaria, adquirindo novos saberes sobre o mar e habilidades sobre a pesca, como levanta Vannucci (1999):
Em todo lugar, os ciclos lunares e de marés, regulam grande parte da periodicidade da vida animal. A vida do pescador também se regula pelas marés, pela lua e pelas chuvas, num ritmo que corresponde ao comportamento dos animais e á vida e aos ciclos sazonais de plantas e animais. (p.123).
Quando os pescadores afirmam que sempre viveram da pesca, que ali é o seu lugar, que a pesca é o que sabem fazer, isso nos dá uma pista do porque a comunidade pesqueira do Mosqueiro permanece, e nos mostra que, para quem vive dessa atividade, o trabalho não é apenas um emprego, um modo de vida, mas representa sua própria vida, seu próprio reproduzir-se enquanto pescador ou marisqueira.
Eu gosto de pescar mesmo, eu não gosto de tá parado, de ficar em casa, eu gosto de trabalhar, pode- ser domingo,
feriado, não tem horário, se eu disser vou pescar amanhã eu vou, se eu disser não vou eu não vou, sou mandado só de
Deus.(Pescador, 59 anos. Fonte: Trabalho de Campo em 30 de janeiro de 2010)
A pesca nunca se acaba, nasci e me criei no Mosqueiro e vou morrer aqui mesmo. Aprendi a pescar brincando. (Pescador,
79 anos. Fonte: Trabalho de Campo em 30 de janeiro de 2010)
Parece que eu já arriei o umbigo pescando, porque meu interior é de água doce eu amanhecia o dia no calão de umaredinha pescando, tomei conta de casa foi a mesma coisa marido morreu mas deixou esse presente pra mim, pescando também, minhas filhas iam chorando pescando mas eu levava, tem que ir pescar, todo mundo sabe nadar, se virar num barco ninguém morre. (Pescadora e Marisqueira, 65 anos.
Fonte: Trabalho de Campo em 19 de agosto de 2009).
Quem mora em região de praia, tá no sangue, é nativo, o pescar é um prazer e se torna necessidade também.
(Pescador, ex-presidente da associação de pescadores. Fonte: Trabalho de Campo em 19 de agosto de 2009).
Até aqui é possível termos a leitura de que a pesca artesanal no Mosqueiro, representa sim a atividade que media a relação homem/ natureza, onde para esses pescadores e marisqueiras o rio, o mangue e o mar são condição de sua própria vida. Mas, é preciso ainda atentar para a pesca no povoado que há algumas décadas representava o trabalho de toda uma comunidade, que mantinha laços a partir do trabalho e dessa forma o modo de vida em comum, numa relação direta com a natureza, hoje não está mais garantida por conta de todas as dificuldades já apresentadas, postas para a pesca artesanal. Diante disso, grande parte dos pescadores, assim como as mulheres e os mais jovens, acaba por procurar outras atividades
para complementar à renda, no caso das mulheres muitas vezes como diaristas em casas de família, ou no caso dos mais jovens como único trabalho já que grande parte não tem mais interesse em viver da pesca.

PERMANÊNCIA/RESISTÊNCIA A PARTIR DA PESCA.
Dizer que não há garantia não é dizer que não há resistência, muitos apesar das dificuldades se mantém na pesca artesanal, no caso das mulheres marisqueiras estas continuam catando caranguejos e outros mariscos, pois é essa atividade que lhes permite viver numa relação cotidiana com o local, o rio, o mar. Na comunidade pesqueira do Mosqueiro, a pesca foi e
ainda continua sendo o trabalho que tem caráter central para quem se identifica como pescador, mesmo que outras atividades sejam necessárias para se manterem enquanto pescadores e pescadoras e não só, mas numa relação de vizinhança ainda muito forte como afirma Cardoso (2001) em outro momento.
E se há alguma dúvida sobre a centralidade do trabalho nas relações sociais, fazendo uma leitura do lugar Mosqueiro, é possível sem muitas dificuldades entender que esses pescadores, vivem do seu trabalho, permanecem e resistem todos os dias para continuar vivendo da pesca.
A pesca que desde os primeiros momentos fez e faz parte das relações humanas, que passou por outros modos de produção, e hoje apropriada pelo sistema capitalista, como se apresenta, por exemplo, a pesca industrial de forma indiscriminada na captura de pescados para abastecer os mercados, ainda sim a pesca artesanal mesmo estando inserida nesse processo global de reprodução ampliada do capital, representa o trabalho que define o modo de vida e a possibilidade de permanência e resistência da comunidade pesqueira do Povoado Mosqueiro dentro de uma lógica ainda diferenciada do modo de produção posto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ENGELS, F. “Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem”. Em:
Antunes, R (Org.). A dialética do trabalho. São Paulo: Expressão Popular, 2004.
CARDOSO, Eduardo Schiavone. Pescadores artesanais: NATUREZA,
TERRITÓRIO, MOVIMENTO SOCIAL. Programa de Pós-Graduação em Geografia
física/USP, 2001. Tese (Doutorado).
RAMALHO, Cristiano W. Noberto. Embarcadiços do Encantamento: Trabalho como
Arte, Estética e Liberdade na Pesca Artesanal de Suape, PE. Instituto de Filosofias e
Ciências Humanas/UNICAMP, 2007. Tese (Doutorado).
DÍEGUES, Antônio Carlos. Pescadores, camponeses e trabalhadores do mar. São
Paulo: Àtica, 1983.
VANUCCI, Marta. Os manguezais e nóis. São Paulo: EDUSP, 2003.
SMITH, Neil. Desenvolvimento desigual: natureza, capital e a produção de espaço. Trad.
Eduardo de Almeida Navarro. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988.
LUKÁCS, Gyorgy. O Trabalho. Em: Perl’ Ontologia Dell’ Essere Sociale. Roma: Riuniti
Tradução: Tonet, Ivo.