Bucólica chega aos 113 anos
VERANEIO
O dia é de festa, neste domingo, em Mosqueiro, que comemora mais um aniversário
Muitos seriam os atributos que elevariam Mosqueiro ao topo dos lugares mais belos e paradisíacos do Pará, mas uma peculiaridade incomum atrai pessoas do mundo inteiro: as praias de água doce com ondas, fenômeno típico e exclusivo da nossa região.
A bucólica traz tranqüilidade para os visitantes e um sentimento enraizado para quem mora lá. Encantos que irradiam aos olhos de quem se propõe a mergulhar nessa natureza exuberante. Chegar aos 113 anos com uma reserva natural inigualável não é para qualquer um.
Francisco Mota Martins nasceu em Abaetetuba, mas aos sete anos de idade, levado pelo pai, mudou-se pra Mosqueiro. Aos 55, seu Chico, como é carinhosamente chamado por todos, vive da pesca. “Já vi filhote de 180 quilos, mas essas histórias de boto que encanta mulher e de cobra grande, eu sempre escuto, mas nunca vi”.
Na profissão há 35 anos, seu Chico fez família e mora em uma modesta casa onde criou os cinco filhos, na beira do rio Cajueiro, no pacato bairro de Carananduba. “Já me considero mosqueirense, ainda mais pelo lugar onde eu moro. Aqui em Mosqueiro já não se pode deixar sua casa sem ninguém tomando conta que é arrombada. Aqui no Cajueiro eu moro há 48 anos e nunca aconteceu nada”.
DESCONHECIDAS - Pouca gente sabe, mas a ilha tem 21 praias de água doce ao longo de 17 quilômetros de costa. A orla começa com as praias do Areão, do Bispo, Grande, Prainha, Farol, Chapéu Virado, Porto Arthur, Murubira, Ariramba, São Francisco, Carananduba, Conceição, Caruará, Marahu, Paraíso, Paissandu, Anselmo, Bacuri, Baía do Sol, Camboinha e Fazendinha.
“ A praia da Conceição não é explorada, do Caruará, do Paissandu são praias que as pessoas não conhecem”, conta a assessora de Cultura do Distrito de Mosqueiro, Andréa Souza. Segundo ela, no verão, Mosqueiro costuma atrair em média de 280 a 300 mil pessoas por final de semana, chegando a mais de 1 milhão de veranistas durante todo o mês de julho.
Além das praias, Mosqueiro tem uma rota aquática com 18 igarapés e rios. Os igarapés mais conhecidos são Tamanduaquara, Carará, Figueiredo, Pitavaquara, Maracajaquara, Araraquara, e os rios Murubira, Pau-Amarelo, Pratiquara, Saragoza, Cajueiro, Sucurijuquara e Mari-Mari.
No dia de seu aniversário, Mosqueiro será notícia nacional. A partir das 7h30 acontece o Circuito Nacional de Triathlon, com a presença dos triatletas Juraci Moreira Júnior e Carla Moreno, que disputarão medalhas pelo Brasil nas Olimpíadas de Pequim. “Foi um presente para nós, mosqueirenses. Vamos abraçar o circuito e fazer um grande evento”, conclui Andréa.
Chalés conservam estilo europeu
Percorrer a avenida Beira-Mar é como voltar no tempo. O famoso Caramanchão divide a praia do Farol com a do Chapéu Virado. É uma espécie de corredor florido, um conjunto de estacas coberto por ripas envoltas por uma planta chamada trepadeira. O entusiasmo é notório em quem deslumbra tal visão, que como pano de fundo conta com as maravilhosas praias da ilha.
Os chalés são as referências arquitetônicas da história de Mosqueiro. Com clara influência européia, serviam como local de descanso e lazer para famílias. Muitos datam da década de 30 e embelezam a avenida. Com telhados arrematados em lambrequins – adorno recortado - de madeira e belos rendilhados, os chalés foram construídos bem acima do nível do solo com alpendres laterais que os mantém protegidos de sol e chuva. Grande parte deles foi feita de acapu, madeira nobre da região. A escadaria fica ao centro, dando acesso aos dois lados da casa. Na fachada, a tradicional placa de identificação do chalé, normalmente com nomes de família ou de santos. Alguns chalés chamam bastante atenção de quem visita a ilha como o da família Cardoso, na praia do Chapéu Virado, e o chalé Porto Arthur, que pertenceu a Arthur Pires Teixeira, um comerciante português que também se deixou cair de amores pela ilha e acabou homenageado com a denominação de “Porto Arthur” à praia em frente à residência.
Tapioquinha e trilha ecológica
Nossa Senhora do Ó é a padroeira do povo da Ilha de Mosqueiro, sendo homenageada sempre no segundo domingo de dezembro com o Círio, realizado desde a década de 20. A igreja de Nossa Senhora do Ó, também conhecida como Matriz, foi inaugurada no dia 17 de dezembro de 1909. Ela é um dos elementos que compõem a Praça Cipriano Santos, na Vila, onde também estão o Mercado Municipal, o trapiche, o terminal rodoviário e o tradicional complexo das tapioqueiras. É lá que turistas, veranistas e os mosqueirenses se deliciam com a famosa tapioquinha, sendo parada obrigatória de quem visita a ilha. O complexo, que já existe há 23 anos, está em reforma e deve ser reinaugurado no próximo dia 10. Ao centro da praça está o aconchegante coreto, construído em moldes ingleses.
Entre as diversas opções de diversão que Mosqueiro oferece, o ecoturismo é alternativa para quem quer sair da rotina. Na ilha existem o Parque Ambiental da Ilha do Mosqueiro e a Estação Ecológica do Furo das Marinhas, áreas de proteção ambiental. Para os aventureiros, a trilha ecológica “Olhos D’água” leva visitantes a lugares quase inexplorados. Na trilha é possível saber um pouco mais sobre a geografia, a fauna e a flora da ilha, além de degustar a culinária paraense e apreciar o processo da produção de farinha.
E não pára por aí: existem ilhas que fazem parque do arquipélago de Mosqueiro, como a das Pombas, do Maracujá, dos Guaribas, Murubira, São Pedro e dos Amores, uma das mais visitadas. Segundo a Companhia de Desenvolvimento Metropolitano de Belém (Codem), o arquipélago do Mosqueiro é composto por 35 ilhas.
Ao pisar pela primeira vez em Mosqueiro, Jordana Cardoso, de 17 anos, não pensou duas vezes. Vai incluir Mosqueiro em seu roteiro de férias. “É um lugar belo, com uma vista maravilhosa. Apesar de ser um local relativamente pequeno, tem praias que encantam qualquer um”, conta fascinada a estudante, natural de Rondon do Pará.
Fonte: Diário do Pará
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