LEMBRANDO DOS CÍRIOS DE MOSQUEIRO
117 ANOS DE TRADIÇÃO
O Círio, em outros tempos, percorria outras estradas de Mosqueiro e os mais antigos ainda se lembram de como era, pois a procissão passava pelas avenidas da orla e pelas ruas da Vila. Hoje, com mais de sete quilômetros de avenidas para percorrer, a procissão, a cada ano, vem diminuindo, pois muitas pessoas agora preferem esperar a procissão passar defronte a suas casas.
Antigamente, os moradores enfeitavam suas janelas, com toalhas coloridas, armavam pequenos altares e as novenas e ladainhas reuniam o povo simples da ilha, para noitadas que eram entremeadas de festejos religiosos e profanos. Hoje são raras as famílias que enfeitam como antes. Quando os povos, além das toalhas coloridas, colocavam à vista suas mais belas folhagens, vasos de flores e palmas de açaí, os arranjos ficavam vistosos, tudo muito tropical, muito bonito, muito alegre, disse Marciano de Alencar Peixoto Cruz.
Conta Marciano que, além de tudo, os círios de antigamente tinham mais carros, geralmente as charretes dos moradores da ilha e das famílias de Belém, que possuíam suas propriedades na ilha e iam todos para o veraneio de dezembro a Mosqueiro. E depois, tinha outra atração que era de encantar a todos nós, mocinhos e mocinhas que esperavam com suas roupas mais novas a chegada do navio. E quando navio chegava, aí sim, parecia que a festa ia começar mais animada. Os meninos correndo no trapiche, as famílias pegando as charretes e depois, todo mundo participando da procissão, relembra Marciano.
Porém, se os tempo são outros, permanece a mesma fé. O círio de Mosqueiro, com o trajeto mais longo de todos os círios paraenses e sendo o último do calendário religioso, ainda consegue reeditar a mesa emoção.
Seu carro de anjos, sua corda, que não é tão disputada, como a de Belém, segue a mesma e sem atropelos não havendo aí, nenhuma divisão de homem e mulher.
Os festejos são encerrados com uma missa celebrada pelo padre da Igreja da Matriz, ocorrendo a monumental queima de fogos de artifício.
O círio comemora, a cada ano, um motivo de tradição, desde 1895. O destaque profano da romaria e festividade, fica por conta das competentes e não menos tradicionais Bandas da Polícia Militar ou União Vigiense, que depois da missa da Matriz, mostram na Barraca da Santa, o quanto sabem de Marchinhas, dobrados e xote.
O Liberal-09.12.1986
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