06 jun
2013
Nos últimos dez anos a população do Brasil aumentou
9,65%, enquanto que, no mesmo período, o volume de lixo cresceu mais do que o
dobro disso, 21%. Um dos motivos para essa elevação discrepante se deve ao fato
de que o aumento do número de habitantes está agregado a uma ascensão social da
classe C, chamada de classe média. Entre 2003 e 2011, a nova classe média – que
tem renda familiar acima de R$ 1.700 – incorporou 40 milhões de pessoas. Quem
consome mais gera mais lixo.
O problema é que a geração de lixo elevada não vem
em parceria com o descarte correto. Segundo a Associação Brasileira de Empresas
de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), só em 2012, dos 64 milhões
de toneladas de resíduos produzidos pela população, 24 milhões (37,5%) foram
enviados para destinos inadequados.
Ao todo são 3 mil cidades (54% do total), incluindo
as capitais Belém e Brasília, que ainda enviam resíduos para destinos
inadequados. Esses dados fazem parte do estudo Panorama dos Resíduos Sólidos
produzido anualmente pela Abrelpe.
Além do descarte inadequado, o desconhecimento dos
brasileiros em relação ao destino dos resíduos também é preocupante. De acordo
com o estudo Consumo Sustentável da WWF-Brasil divulgado no fim de 2012, uma em
cada três pessoas não faz ideia para onde vai o lixo produzido em sua casa.
Não se trata de apontar quem são os culpados dessa
falta de evolução ambiental que o Brasil vem vivendo. Mas, sim, ficar a par dos
fatos. A quantidade de lixo aumentou, mas o Brasil ainda não conta com uma
estrutura que impacte menos o ambiente. Vivemos um atraso ambiental tanto por
falta de investimentos do Governo na gestão integrada dos resíduos sólidos
urbanos, quanto pela falta de educação ambiental da população.
Representando 54% dos cidadãos brasileiros, a
classe C ascendeu socialmente e alterou seus hábitos de consumo. Em entrevista
concedida a um site de notícias, o economista do IPEA, José Gustavo Feres,
argumenta que “as pessoas com mais renda consomem mais eletroeletrônicos,
consomem mais embalagens plásticas, e este tipo de resíduo tem impacto
ambiental maior até do que os resíduos orgânicos”. Esse aumento no consumo
também é representado na geração diária de lixo que passou de 955 kg para 1,223
kg por pessoa, segundo a Abrelpe.
É fato que faltam os investimentos necessários para
avançar na coleta e destinação correta dos resíduos sólidos. Além disso,
práticas sustentáveis na hora de consumir ainda são deixadas de lado por grande
parte dos brasileiros. É o que revela outros dados do estudo Consumo
Sustentável.
Preço, condições de pagamento, durabilidade do
produto e marca lideram as preocupações do consumidor brasileiro. O valor do
produto, por exemplo, é considerado um aspecto fundamental por 70% dos
entrevistados. Características do produto ligadas à sustentabilidade, no
entanto, como os meios utilizados na produção, o tempo que o produto leva para
desaparecer na natureza e o fato de a embalagem ser reciclável, ficam em
segundo plano.
Aprovada em 2010, a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (PNRS) foi pensada para organizar a forma como o país trata o lixo,
incentivando a reciclagem e a sustentabilidade. Com sua aprovação foi criado o
Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que determina para 2014 o fechamento dos
lixões a céu aberto, dando lugar a construção de aterros controlados ou aterros
sanitários. Municípios que não cumprirem a determinação serão enquadrados por
crimes ambientais.
Além disso, o Plano Nacional prevê a redução na
geração de resíduos com base na prática de hábitos de consumo sustentável. Na
teoria, o PNRS representa um grande avanço, com ações capazes de mudar o
cenário ambiental, social e econômico do Brasil, no que se refere ao manejo
adequado dos resíduos sólidos. No entanto, falta apenas um ano para expirar a
data limite para execução do Plano. Segundo o Ministério do Meio Ambiente a
data será mantida.
Fonte: Assessoria de Imprensa da FVHD
Fonte: http://fundacaoverde.org.br/64-milhoes-de-toneladas-de-lixo-foram-produzidos-no-brasil-em-2012/
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