Praia Grande da Baía do Sol

Visitantes

"Quem está distante sempre nos causa maior impressão" "Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco." "Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha, e não nos deixa só, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso." Charles Spencer Chaplin


A Rio+20 nos mostrou que os líderes políticos não estão comprometidos verdadeiramente com um planeta mais verde e limpo, assim como nós estamos. Sabíamos que nosso futuro não poderia ser decidido em 3 dias de Conferência, mas devemos cobrar ações concretas e duradouras dos nossos governantes.


Hora Certa em Mosqueiro

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mosqueiro: os encantos da bucólica

Mosqueiro: os encantos da bucólica
http://www.amazonia.org.br/noticias/print.cfm?id=188510

Data: 28/11/2005
Local: Belém - PA
Fonte: Diário do Pará
Link: http://www.diariodopara.com.br/

Com 22 praias próprias para banho, a ilha de Mosqueiro se transforma a cada período de Carnaval e a cada verão em um dos principais pontos de encontro do Pará. Em julho, o balneário chega a receber 300 mil pessoas. Mas os atrativos não se restringem à orla. Eles também podem ser encontrados na Vila, nas áreas verdes e na própria cultura local.

Para quem pensa que Mosqueiro só é praia, a agente distrital Maria da Glória Mesquita Albuquerque indica as trilhas ecológicas, que atravessam a mata rumo a rios e igarapés de água gelada. Ao todo, existem três trilhas, sendo uma delas administrada pela Agência Distrital. “O povo de Belém realmente não conhece todas as belezas naturais da ilha”, observa Maria da Glória.

A população estimada da ilha é de 39 mil habitantes. De acordo com a Agência Distrital de Mosqueiro, a maior parte deles vive na informalidade, como caseiros dos imóveis dos veranistas ou vendedores ambulantes, sendo a pesca a atividade de caráter de subsistência. A esperança para a geração de mais empregos é o turismo. A Agência Distrital, aliás, tem investido em cursos de qualificação de atendimento ao turismo e ecoturismo. “Queremos transformar a Baía do Sol um pólo turístico para que as mulheres pescadoras de lá possam oferecer aos turistas artesanatos de sementes, pinturas e tapetes”.


Nome

O nome “Mosqueiro” é, de acordo com a versão mais aceita pela população, uma corruptela de “moqueio”, técnica de conservação da carne praticada pelos indígenas, os primeiros habitantes da ilha, também conhecida como “a bucólica”. A localidade foi elevada à situação de freguesia em 1858. Virou vila em 6 de julho de 1895, e passou à administração de Belém somente em 1901.

O pesquisador e escritor Claudionor Wanzeller chama atenção para a indústria Bittar, a primeira fábrica de beneficiamento de borracha do Pará, que entrou em funcionamento em 1924 e hoje está desativada. “Foi onde ocorreu a primeira greve de trabalhadores paraenses no ano de 1938”, garante. “Do ponto de vista folclórico, ela também é importante, pois debaixo dela, diz a lenda, vive a cobra grande”.

Outro curiosidade citada pelo escritor diz respeito à “ponta da pedreira”, local onde se encontra a fábrica desativada - uma das três principais pedreiras que existiram em Belém. “Foram retiradas muitas pedras para alicerces pelo alto teor de ferro que apresentam”.

Claudionor também destaca a participação dos mosqueirenses na Cabanagem. Nas praias, deram-se duas batalhas das tropas legalistas contra os cabanos, que fugiram para Vigia através da Baía do Sol, no ano de 1836.


Tapioquinha na praça e “banco dos cornos”

Uma das atrações é a Feira da Tapioquinha, na Praça da Matriz. São 19 opções de barracas onde o visitante, além de tapioquinha com diferentes recheios, encontra cuscuz e mingau. Na mesma praça, bem próximo da feira, está o “banco dos cornos”, tradição de mais de 50 anos. Todos os anos, os freqüentadores do banco elegem o “corno” do ano durante uma confraternização que conta com campeonato de futebol que tem uma regra diferente dos demais: quem cabecear leva falta.

Para reunir os “cornos” durante a folia de Momo, Fábio Peralta, morador da Vila, organizou “Os Calopcitas”, bloco de rua em que todos os adereços e alegorias fazem referência ao mundo bovino. “No ano passado, tivemos mais de 600 brincantes”, afirma Fábio Peralta, explicando que calopcita é uma espécie de ave que, no período do acasalamento, costuma levantar dois penachos semelhantes a chifres.


Adotivos Ilustres

Entre os mosqueirenses mais famosos estão a jornalista da RBA Lourdes César, o escritor Claudionor Wanzeller e o ator Alberto Bastos (já falecido). “Mas há também os ‘mosqueirenses de coração’, dos quais podemos dizer que adotaram a ilha. É o caso de Rui Meira, Max Martins, Eduardo Brandão e Maria Lúcia Medeiros. Quando doente, a escritora quis vir para Mosqueiro por afirmar que aqui se sentia muito melhor”, conta Cláudia Nascimento.

Mas, como qualquer outro “pedaço de Belém”, a bucólica tem suas mazelas. As residência da Vila até Porto Artur ganharam rede de esgoto que, por problemas técnicos, não entrou totalmente em funcionamento. Outro problema diz respeito ao transporte coletivo. Os moradores reclamam da demora e superlotação dos ônibus.

Jucilene Carlos trocou Fortaleza por Mosqueiro, onde reside há nove anos. Ela conheceu a localidade em um passeio, gostou e ficou. Caseira de uma casa na Vila, complementa a renda de R$ 60 (pagamento pela vigilância) com a venda de tapiocas. “Falta atrair mais turistas e dar mais segurança à população”, opina.

Para Dona Betiza, que nasceu, passou a infância e mora na Ilha, a qualidade de vida está se elevando. “Mosqueiro não está mais no abandono”, afirma. Mas a antiga moradora diz ter saudaades do navio que fazia a viagem Belém-Mosqueiro.


Cultura ameaçada por falta de formação

Os grupos folclóricos (bois, pássaros e pastorinhas) e parafolclóricos (danças regionais e portuguesas), além das quadrilhas juninas e de capoeira são representantes da cultura de Mosqueiro. Mas alguns deles estão ameaçados de extinção. Apontada como “patrimônio cultural vivo” e uma das fundadoras da Associação de Grupos Folclóricos de Mosqueiro, Vírcia Pedrosa, 71 anos, mais conhecida como Dona Betiza, afirma que eles são mais de 40, mas observa que a falta de formação musical dificulta a renovação das manifestações. “Quando alguém quer ‘montar’ uma pastorinha, por exemplo, precisa trazer músicos de Belém e sustentá-lo durante os dias da apresentação”, relata a folclorista, que pede mais cursos de formação artística para a Ilha. “Já tivemos seis bois-bumbás, e agora só temos um”, ressalta.


Arquitetura

Arquiteta da Fumbel, cedida à Agência Distrital de Mosqueiro, Cláudia Nascimento diz que, desde 1994, a Lei Municipal 7.709 - que trata do patrimônio arquitetônico municipal - ganhou novo entendimento. “Deixou-se de pensar só no Centro de Belém e seu entorno, pois compreendeu-se que todo bem de interesse à preservação merece a mesma atenção”, explica. A partir daí, foi dado entrada a quatro processos de tombamentos de prédios: o da Fábrica Bittar, da Praça da Vila, do Hotel Farol e de mais de 100 imóveis antigos da orla. Em estilo chalé, muitos deles serviram de casa de veraneio para os empresários do ciclo da borracha.

Mas a arquiteta também destaca que, além do patrimônio material, a ilha se destaca por sua vida cultural, que tem como principal atração o carnaval. “O maior desfile de blocos de rua de toda Região Metropolitana de Belém é o de Mosqueiro”, afirma. São três dias de desfiles com concursos de beleza e 44 blocos.


Serviço:

- Quem quiser conhecer mais a cultura de Mosqueiro pode visitar a feira da Cultura do Colégio Nossa Senhora do Ó no dia 1º de dezembro, que fica localizado na Rua da Bateria, próximo à Praia do Farol.

- Para utilizar a trilha ecológica da Agência Distrital, o grupo de interessados deve agendar visita pelo telefone 3771-3624. Mínimo de 12 participantes. Valor individual: R$ 40. (incluindo transporte fluvial e almoço).

- Feira de Artesanato (Centro Cultural Praia Bar, aos finais de semana, de 8h às 12h e de 16h às 22h).

- Para saber mais: “Mosqueiro, Lendas e Mistérios”, de Claudionor Wanzeller. Edição independente.


Luiz Sabaa

Copyright © 2010 Amigos da Terra - Amazônia Brasileira. - Todos os direitos reservados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário